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Foto: https://www.youtube.com/

 

JOSÉ CARLOS SOARES
( Portugal ) 

 

 

José Carlos Soares (n. 14 de Maio de 1951, Leça da Palmeira) é um poeta português.

Biografia

Nasceu em 14 de Maio de 1951, na localidade de Areia de Same, na freguesia de Leça da Palmeira, no concelho de Matosinhos.[1]

Destacou-se como escritor, na vertente da poesia, tendo publicado um grande número de obras. Exerce igualmente como professor de filosofia. Os seus trabalhos incluem Os Sulcos Leves, escrito em colaboração com Carlos Marques Queirós, e publicado em Setembro de 1981, Atrito de Gotas, em colaboração com Jorge Velhote, e publicado em Maio de 1982, Polaroid, lançado em Novembro de 1983, Algia, publicado em Dezembro de 1985, Areia de Same, editado em Outubro de 2003, Chão de Vespas, publicado em Maio de 2005, Bátega, lançado em Novembro de 2006, Mais Ninguém, editado em Outubro de 2011, Do Lado de Fora, publicado em Setembro de 2012, O Visitante Paralelo, editado em Setembro do ano seguinte pela editora Língua Morta, e De Passarem Aves, publicado em 2014 pela editora Do Lado Esquerdo. As suas obras também foram recolhidas na antologia Este Perder-se, recolhida por Manuel de Freitas, e lançada em Maio de 2011, e na 20.ª edição da revista literária Telhados de Vidro, editada em Setembro de 2015. Foi igualmente responsável pelo prefácio do livro Morte de uma Estação, da escritora italiana Antonia Pozzi (en), cuja tradução em português foi publicada em 2012.

Nos princípios da década de 2010, fazia parte de um importante conjunto de escritores independentes em Portugal, que publicavam as suas obras através de pequenas e médias editoras. No caso de José Carlos Soares, a casa editora era a Debout Sur l'Oeuf, ligada à Livraria Miguel de Carvalho, em Coimbra. Duas das suas obras fizeram parte das escolhas do crítico literário Luís Miguel Queirós, do jornal Público: o O Visitante Paralelo, em Dezembro de 2013, e De Passarem Aves, em Dezembro do ano seguinte.

 

Obras publicadas

Poesia

Os Sulcos Leves, com Carlos Marques Queirós, Exercício de Dizer, Setembro de 1981;

Atrito de Gotas, com Jorge Velhote, Exercício de Dizer, Maio de 1982;

Polaroid, edição do autor, Novembro de 1983;

Algia, edição do autor, Dezembro de 1985;

Areia de Same, O Correio dos Navios, Outubro de 2003;

Chão de Vespas, edição do autor, Maio de 2005;

Bátega, edição do autor, Novembro de 2006;

Este Perder-se, antologia por Manuel de Freitas, edição do autor, Maio de 2011;

Mais Ninguém, Língua Morta, Outubro de 2011;

Do Lado de Fora, 50Kg, Setembro de 2012;

O Visitante Paralelo, Língua Morta, Janeiro de 2013;

Igor Dgah, DSO, Abril de 2014;

De Passarem Aves, Do Lado Esquerdo, Outubro de 2014;

, Alambique, Abril de 2015;

Café Candelabro, com Eduardo Matos, Guardanapo, Janeiro de 2017;

Camel Blue, Averno, Julho de 2018;

Sottovoce, DSO, Agosto de 2019.

Medição dos Arvoredos, Alambique, Primavera de 2022.

 

Fonte da biografia:  https://pt.wikipedia.org/wiki/Jos%C3%A9_Carlos_Soares 

 

DIMENSÃO.  Revista Semestral de Poesia.  Ano V  - No. 9  - 2º. Semestre 1984.  Editor Guido Bilharinho. Uberaba, MG: Gráfica Frei Eugênio, 1984. 36 p.                                 Ex. bibl. Antonio Miranda

 

MOMENTS IN THE MOONLIGHT

um astro surge intacto na sombra, um outro
esplendor deixa beber
o fingimento, é a magia
de sua cabeleira, a luz espessa
de seu amado rosto circundando

esse doer, vagar dourado
por abrir, que mãos
tocam seus lábios
sombreados, que aroma
exalta a mágoa,
seus matizes?  um nome

agora risca essa frescura, algum
de nós perdeu-se de tão leve, inclinado
o tempo saboreia tais enganos.

---

       queria passar a mão
na tua coxa, o dia já
morrendo e os sinais.
delidas ilusões,
tocando a maravilha
de alguma frase oculta, talvez ferir

de beijos essa pedra, aquele
rubro astro
caído em pátio dúbio, queria vagarosa
a boca na brandura
de teu silêncio verde, a noite por lavar
na lacerada fala, seria assim nos olhos
o lume dessa perda, a lentidão
do arco, a trama do espanto
de quando a morte
desce.

___
 

      
a luz pousa na boca
e já demoram
esses laços danado sobre a pedra, tão verdes
os teus olhos procurando
em qual de nós a dúvida
se perde, com que ruídos
as folhas mastigamos do amo, luar assim

no peito derramando
a ternura de ser
o chão o sítio certo
dessa dança.  abre-me então

o pulso, o garbo, a lama
quente, cospe no céu mais negro
a despedida
---


vaguíssimo sorriso, discreta
claridade desenhando
o leve ardil. a sua valsa. magia
por tragar. galope sossegado
na boca estiolada.  é branco.

azul.  amargo o auge
de seu olhar bravio.  é tarde
em minha lança.  nesse adejo
de quem pede
lentíssimos segredos?  Secreta
é golfada.  o suave
cuspo.  o bálsamo de lágrima.
seu veneno.

 

---


sei dessa beleza como outrora
soube da divina
sombra dos caminhos.   teu rosto

tocaria se ousasse
tomar a vida o trago
dum tempo inesquecível.   mistério

por abrir
por entre luz precária:   quem dita,
extingue,   alcança
a sedução tão vaga,  quem ousa
esplendencer
em sua morte súbita?

---

 

 

       algum perfume havia
nos cabelos, alguma fina
lava se mantinha
pelos ombros.   a luz subia
em seus sibilos,   o peito lentamente
acarinhado.   alguém
descreve a morte?

alguém atravessava
e não se via.


---

perder assim os olhos, o laço
delirante,    desenhar
o movimento da tortura.   beber

talvez o tempo,  adivinhar
com que veneno
a morte suportara essa quimera.

perder então o rosto,  a luz tão pouca.
a frágil substância melancólica.    saber
com que prodígios

o vento voltaria
deixando repetir,   da vida,
um fragmento.

 

 

       MOMENTS IN THE MOONLIGHT

       às vezes uma rosa, outras
um anjo deixando por lamber
a luz tão sábia.   é quente
a língua, mas tão breve
o vago amor,   o seu perfume
macerando.    às vezes é mais chuva

que silêncio,  o ombro
não suporta essa ternura
e a boca, serena, despedaça
a dura carne branca de seus bichos.

 

                                            (Porto  / Portugal)

  

DIMENSÃO – REVISTA INTERNACIONAL DE POESIA. ANO XII. No. 22Editor Guido Bilharino.  Uberaba, MG: 1992.  147 p.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda

 

não é a tua boca
perfeita, duvidosa,
o pátio sereníssimo do sonho. É a lenteza

com que afastas
o lúcido prodígio de buscar-te
atrás daquele espelho que luminosa

mágoa vais tecendo
enquanto me conquistas
nessa treva, que morte

a nossa a golpes
adiada, o puro sal nos olhos
penetrando?

talvez o espelho saiba dessas guerras
o seu momento atroz, talvez
sidere o corpo, o lado
oculto, habites finalmente
o erro limpo.

 

*
Página ampliada e republicada em junho de 2024

*

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Página publicada em novembro de 2022


 

 

 
 
 
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